sábado, março 03, 2012

Dossiê sobre impactos dos agrotóxicos no Brasil será lançado em abril

 

Fonte:Século Diário/24 de Fevereiro de 2012  

O Grupo de Trabalho de Saúde e Meio Ambiente da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco) irá coordenar um dossiê sobre as evidências científicas existentes sobre os impactos do uso de agrotóxicos na saúde humana e nos ecossistemas. Expectativa é lançar o documento em abril deste ano, no Congresso Mundial de Nutrição e na Rio+20, ambos no Rio de Janeiro.

Segundo a Abrasco, o objetivo é sensibilizar, por meio de provas, as autoridades públicas nacionais e internacionais sobre os impactos negativos dos agrotóxicos no planeta.
Ocupando o primeiro lugar no consumo de agrotóxicos em todo o mundo, no Brasil os impactos não são poucos e, segundo a associação, atingem diferentes grupos populacionais como trabalhadores em diversos ramos de atividades, moradores do entorno de fábricas e fazendas, além dos consumidores dos alimentos contaminados.
O documento, que será lançado no Congresso Mundial de Nutrição no final de abril de 2012 e durante a Conferência Mundial sobre Meio Ambiente - a Rio +20, ambos no Rio de Janeiro. Tais impactos, diz a Abrasco, são resultados do atual modelo de desenvolvimento, voltado prioritariamente para a produção de bens primários para exportação.
Atenta aos danos e, sobretudo, à reivindicação popular que cresce a cada dia para o banimento do uso de agrotóxico no País, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu consulta pública propondo banir o veneno parationa metílica e o forato no mercado brasileiro. Assim como inúmeros venenos agrícolas, os dois agrotóxicos são proibidos na Comunidade Européia e utilizados com restrições nos Estados Unidos.
Segundo a Anvisa, o parationa metílica, utilizado no controle de pragas em plantações de algodão, alho, arroz, batata, cebola, feijão, milho, soja e trigo, segundo estudos científicos, gera problemas no sistema endócrino, transtornos psiquiátricos e afeta o desenvolvimento do embrião e do feto na gravidez.

O Espírito Santo já chegou a figurar no terceiro lugar na lista dos maiores consumidores de agrotóxicos do País. No final de 2011, se destacou no ranking da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), dentro dos dados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos de Alimentos (Para), que revelaram teores de resíduos de agrotóxicos acima do permitido e uso de agrotóxicos não autorizados. Do total pesquisado, 27,4% dos alimentos se encontram com teor de contaminação, referente a dados de 2010. Pimentão, pepino e alface encabeçaram a lista de alimentos insatisfatórios.

Na contramão
Enquanto o mundo começa a reconhecer a importância da agricultura sustentável para o combate à insegurança alimentar no planeta, a Syngenta Proteção Cultivos Ltda. requereu, em janeiro deste ano, o cadastro junto ao Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) do produto Lecar, ainda desconhecido dos produtores do Espírito Santo.

Ainda não há informações sobre o uso do produto e nenhuma informação sobre o Lecar foi encontrada no site da empresa. Para agricultores familiares do Estado, a empresa repete no Estado o que vem sendo executado por outras produtoras de venenos agrícolas: estão tentando abrir aqui, o espaço que foi fechado para elas no mercado europeu.

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