quarta-feira, maio 23, 2012

TRANSFORMANDO LIXO EM ENERGIA

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Vestforbraending
Usina de Vestforbrænding, a maior da Dinamarca, que pode processar mais de 700
 mil toneladas de lixo por ano

Em todo o mundo, encontra-se em expansão a tecnologia conhecida como waste-to-energy (“do lixo a energia”), que consiste na queima de resíduos sólidos para a produção de energia. Há 650 usinas que transformam lixo em energia, principalmente em países da Europa, como Dinamarca, Alemanha e Holanda.

Combatida por ambientalistas durante décadas, devido à emissão de poluentes liberados com a combustão, a incineração de resíduos sólidos provenientes da coleta de lixo urbano ainda desperta debates bastante polêmicos. Alguns questionam a compatibilidade entre a transformação de lixo em energia e outras estratégias que visam à melhor destinação desses resíduos, como a política de desperdício zero e a reciclagem.

No entanto, o desenvolvimento tecnológico tem proporcionado o avanço do waste-to-energy. Na Dinamarca, com a instalação de dezenas de filtros e a destilação de gases nocivos, criou-se uma nova geração de incineradores, cujas emissões de poluentes são inferiores às de todas as lareiras e churrasqueiras da região. Aliada às altas taxas de reciclagem observadas naquele país, a transformação de lixo em energia se restringe a materiais que não podem ser reciclados.

No Brasil, multiplicam-se iniciativas que visam ao tratamento térmico do lixo e sua transformação em energia. Em agosto, o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE) começou a desenvolver uma proposta para a implantação de uma usina a lixo no bairro do Caju, na zona portuária do Rio de Janeiro. Pesquisadores estimam que, em pleno funcionamento, a unidade poderia gerar 500 megawatts de potência instalada e, com o aproveitamento de todas as 9 mil toneladas de lixo produzidas por dia na cidade, seria possível abastecer 1,5 milhão de residências, com consumo médio de 200 quilowatts/hora por mês.

Na cidade mineira de Unaí, a 200 km de Brasília, a Prefeitura Municipal está testando uma usina de processamento de resíduos sólidos coletados por caminhões de lixo. Como não há coleta seletiva, qualquer tipo de lixo urbano, à exceção do lixo hospitalar, pode ser encaminhado ao forno, para ser transformado em carvão.

Todo o processo é automatizado. O lixo de origem orgânica e animal se desidrata e desintegra com a exposição ao calor de 800º C. Não há combustão do lixo. Para gerar o calor necessário, utiliza-se carvão vegetal comum no início do aquecimento do forno. Em seguida, pode-se utilizar o carvão gerado pelo forno. Ou seja, a usina produz seu próprio combustível. O forno consegue carbonizar três toneladas de lixo por hora, que equivale à capacidade de um caminhão de lixo.

No caso do chorume, líquido produzido pela decomposição de resíduos orgânicos, ao sair do forno, um destilador transforma novamente em líquido o gás poluente obtido em seu aquecimento. A partir desse líquido, pode-se obter óleo vegetal, alcatrão, lignina e água ácida, produtos utilizados pela indústria química e de cosméticos. Com adição de 10% de álcool ao óleo vegetal, produz-se biodiesel, que pode ser utilizado em veículos automotores.

Ao lado da usina de carbonização, está sendo montada uma usina termelétrica, que será abastecida com o carvão. O engenheiro responsável pelo projeto garante que a nova usina será mais eficiente e sustentável que uma tradicional. A termelétrica que está sendo construída em Unaí vai produzir energia a R$ 130 o megawatt. Em uma termelétrica tradicional, o custo é de R$ 1600, em média.

Usina_-_Una
Usina termelétrica a lixo de Unaí - MG

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