domingo, dezembro 09, 2012

ATIVIDADE CULTURAL --  Orquesta de Instrumentos Reciclados de Cateura




Formada por crianças e jovens da comunidade de Cateura, o maior lixão de Assunção, capital do Paraguai, a Orquestra de Instrumentos Reciclados de Cateura se apresenta com instrumentos musicais reciclados, fabricados por catadores do lixão a partir de sucatas, na luteria do grupo. O projeto é coordenado por Favio Chávez, técnico ambiental e músico, que trabalha na região desde 2004. Os instrumentos imitam o som de violinos, violas, violoncelos, contrabaixos, guitarras, flautas, saxofones e instrumentos de percussão e são utilizados pela orquestra na interpretação de um repertório formado por música clássica, folclórica, paraguaia, latino-americana, além de músicas conhecidas como as de Frank Sinatra, Beatles, entre outros.
 A orquestra, composta por crianças e jovens entre 12 e 20 anos da comunidade de Cateura e região, irá se apresentar no Fórum de Empreendedorismo Social na Nova Economia, dia 15 de junho, às 15 horas, quando, além de seu repertório tradicional, tocará músicas brasileiras, como Aquarela do Brasil, Garota de Ipanema e Tico-tico no Fubá. “Nossa orquestra tem se apresentado em muitos países, mas raramente teve a oportunidade de mostrar seu trabalho em espaços de discussão e análise como é o Fórum de Empreendedorismo Social e a Rio+20, no Rio de Janeiro”, disse Chávez.
Turnês pela Europa e América Latina
Entre 2006 e 2008, Chávez trabalhou do Projeto Procicla, do Banco Interamericano de Desenvolvimento, com diversas associações de catadores de material reciclável e começou a ensinar música em suas horas livres aos filhos destas pessoas. A partir desta experiência, se tornou o primeiro professor de música de crianças e jovens da comunidade, que hoje formam a Orquestra de Instrumentos Reciclados de Cateura. Desde 2008, o grupo vem fazendo várias turnês a países europeus e da América do Sul, algumas delas a convite do maestro Luis Szarán, que desde 2002, desenvolve projetos para ensinar música a crianças de comunidades carentes do Paraguai.
Entre os países que já receberam a orquestra estão Alemanha, Suíça, Itália, Inglaterra, Portugal, Espanha, Costa Rica, Argentina, Uruguai e Brasil, onde o grupo participou, em Foz do Iguaçu (Paraná), de evento organizado pela Itaipu Binacional, realizado no Brasil e em Assunção. “Não queremos que nossa orquestra seja uma curiosidade, mas que apresente uma nova visão do desenvolvimento sustentável”, explica seu idealizador. “Para nós, o desenvolvimento tem que ser um processo que permita a todas as pessoas atingir seu potencial, desenvolver suas habilidades, exercer os seus direitos, melhorar sua qualidade de vida (não apenas material), e ser empreendedora.”
Instrumento de sensibilização
Segundo o maestro, o acesso aos bens culturais é um direito humano que não deve ser exclusivo das elites. Com o projeto, quer mostrar que é possível fazer música clássica sem instrumentos musicais de 10 mil dólares e sem estudar em universidades e conservatórios igualmente caros. “Queremos provar que o sonho não é só para pessoas ricas da elite social. Um menino pobre também pode sonhar. Para esses garotos, viajar para o Rio é realizar um sonho. Fazer ouvir suas vozes em um evento de tal importância é um desafio que vai marcá-los em sua autoestima e valorização pessoal”.
Participar do Fórum, para Chávez, é também uma grande oportunidade para mostrar, através da música, que a arte tem muito a contribuir com o desenvolvimento sustentável. “A mudança de atitude das pessoas, necessária para a economia sustentável, pode ser conseguida não apenas com informação, mas também através do impacto sobre a sensibilidade das pessoas. Não é suficiente apenas conhecer, mas fazer sentido. Nos últimos anos, descobri que a música tocada por um instrumento musical de reciclagem cria mais impacto do que a melhor teoria ambiental. Espero mostrar isso no Rio de Janeiro”, diz o músico e educador ambiental. 
(Maura Campanili)fontes:empreendedorismosocial.org.br

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