quarta-feira, janeiro 09, 2013

Que tal um 2013 mais sustentável?

Por: Felipe Bottini*

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Que tal um 2013 mais sustentável?

O ano de 2012 acabou há poucos dias, mas em questões de sustentabilidade deveríamos ter dado o ano por encerrado em 22 de agosto, quando tudo o que consumimos até então o planeta ainda tinha condições de renovar. De lá até o dia 31 de dezembro o tudo que utilizamos de água, alimentos e biodiversidade não poderá mais ser recuperado.
O dado é do Global Footprint Network e é um importante alerta para quem planeja o futuro. O mundo dispõe de um estoque de recursos renováveis, e a cada ano esse estoque diminui em razão de não conseguirmos conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação do planeta. Para comportar nossos padrões de consumo, o planeta tinha que ser 56% maior, ou a população 36% menor, e assim manter equilibrado o consumo com a renovação.
Do jeito que estamos, ano a ano nosso estoque de sustentabilidade ambiental está se reduzindo a taxas aceleradas e diminuindo nossa capacidade de recompor a pegada ecológica. Difícil falar sobre sustentabilidade nesse contexto, mas vamos lá!
Esse é um dado global, que agrega as médias de consumo versus biocapacidade. Nos EUA, o consumo é o mais agressivo de todos. Para comportar o padrão americano de consumo, seria necessário termos 4,16 planetas trabalhando para renovar a biocapacidade.
No Brasil, se olharmos nossa pegada versus nossa biocapacidade, nota-se que consumimos 30% da capacidade de renovação dos nossos recursos naturais, ou seja, bastante abaixo da capacidade de renovação, o que nos concede uma poupança de sustentabilidade, já que, ano após ano, permitimos que os recursos sejam renovados.
Essa constatação coloca o Brasil na vanguarda da sustentabilidade. Claro que há muito por fazer, nosso consumo de recursos naturais cresce a cada ano, e temos que cuidar para que não passemos dos limites. Temos, ao contrário de maioria das outras nações, condição de planejar nosso crescimento sustentável. Está aí uma excelente promessa para 2013: colocar isso na pauta da vida pessoal e corporativa cotidianamente.
O Brasil é, definitivamente, um bom exemplo de sustentabilidade ambiental, mas não há sustentabilidade parcial ou segregada, e os dados acima não consideram importação e exportação na metodologia de estimação. O mundo tem que agir em conjunto para pensar em sustentabilidade global, e nós temos um papel fundamental nesse cenário. Temos a condição de mostrar que é possível ajudar a quebrar alguns paradigmas que tanto atrapalham o desenvolvimento sustentável.
A nossa filosofia de entendimento das coisas é pautada na divisão para aprofundamento e conhecimento. Por exemplo, se vamos estudar o céu, o dividimos em constelações, galáxias, sistemas planetários etc... Quando vamos à escola, temos diferentes aulas, como português, matemática, geografia. Sem dúvida esse método é útil, mas não é único, nem pode ser assim entendido.
Quando se trata de sustentabilidade, há que se observar tudo de forma integrada, e ainda não estamos preparados para isso. Ainda acreditamos que o excesso de interferência sobre a natureza se resolve com mais interferência, ainda sem medir os riscos a que isso nos leva. Naturalmente, ninguém pode entender de tudo, então, deveríamos ter diversos agentes especialistas trabalhando em conjunto para entender como as questões de desenvolvimento econômico, social e ambiental (esse é o tripé da sustentabilidade) podem interagir em prol da sustentabilidade.
Em suma, se queremos ser sustentáveis (e não vejo outro caminho), temos que fomentar o diálogo e a visão compartilhada dos problemas a resolver. Já estamos avançando nas questões climáticas em termos científicos e de diálogo político, e essa agenda tem que permear todos os outros aspectos da organização global. Dado o nível tecnológico de comunicação de que o mundo dispõe, trata-se apenas de querer aprofundar.
Que tal em 2013 nos engajarmos nas questões mais amplas? Sairmos da nossa zona de conforto e atuarmos em conjunto para o bem maior? Que tal se conseguíssemos reverter a tendência de super consumo e termos como meta comemorar o ano novo em setembro em 2013, outubro em 2014, novembro em 2015 e dezembro em 2016? Cabe a cada um dos 7 bilhões de habitantes dar sua contribuição.
Desejo a todos um excelente ano em 2013, e já que não podemos replicar a biocapacidade do mundo nos moldes brasileiros, que possamos ser um exemplo de consumo consciente!
* Felipe Bottini, economista, é consultor sênior e cofundador da Green Domus Desenvolvimento Sustentável, além de consultor especial do Programa das nações Unidas para o desenvolvimento (Pnud).
fonte: Jornal do Brasil - Sociedade Aberta  

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